Por Marta Melo
O desenvolvimento humano se processa em caminhos de múltiplos aprendizados e, neste sentido, viajar é uma via pela qual adquirimos conhecimentos diversos. A viagem nos possibilita viver momentos e construir histórias para contar, além de estabelecer memórias e compor experiências.
“Viajar é trocar a roupa da alma” (Mário Quintana).
Viajar nos permite nutrir expectativas, percepções, experiências, interações e transformações que remetem a renovações. Quando o indivíduo se lança a esse objetivo, surgem oportunidades de afastar a tensão do cotidiano, atenuar a ansiedade, revigorar o ânimo, adicionar vivências, aprimorar as relações e lapidar atitudes. Seria como uma receita de felicidade particular e que não se aplica em outras viagens ou a outros indivíduos. Essa receita é única para o momento, o lugar e para a experiência do viajante.
Ao planejar uma viagem, cada indivíduo constitui sua própria receita de felicidade. Aos poucos ela se materializa em acessos em páginas da internet, talvez para um conhecimento prévio do lugar a ser visitado e por meio dos relatos compartilhados e fotografias disponíveis, aquisição de passagens, elaboração de lista sobre o que fazer, levar e até o que trazer do destino a ser visitado.
Neste contexto, sinalizamos a obra Olhar do Turista, de John Urry, que desperta para as transformações provocadas pela indústria turística em espaços de celebração dos prazeres, da contemplação do não-lugar que produz simulacros engendrados na não-identidade do lugar e fora da realidade local.
Imagem: pixabay
É necessário repensar quais impressões deixamos e levamos das viagens, pois segundo o romancista e ensaísta Marcel Proust (1871-1922), a verdadeira viagem do descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ver com novos olhos.
Imagem: Acervo Ecodidática.
O turista que busca experienciar e vivenciar a realidade do outro em qualquer destino turístico deve ser:
Tratável em relação aos moradores
Universal e cuidadoso à liberdade de locomoção
Respeitoso com o patrimônio cultural e natural
Imparcial quanto à identidade local
Sensato em suas ações
Tolerante a outras formas de vida
Altruísta por um bem-estar pessoal e coletivo
Deslocar-se por diferentes destinos pode ser encarado como uma viagem em busca do conhecimento, e à vista disso possibilita novas descobertas, percepções e desenvolvimento no aprendizado.
Portanto, na prática, quando reconhecemos que viajar é trocar a roupa da alma, as interações motivadas pelas viagens devem ser nutridas em uma relação de benefícios recíprocos, em que seja possível experienciar o outro (indivíduo ou lugar), a fim de encontrar o melhor de si mesmo.
Referência:
URRY, John. O Olhar do Turista. Studio Nobel/SESC: São Paulo. 2001.
Como citar esta página:
SILVA-MELO, M. R. Ecodidática, Campo Grande, 05 de setembro de 2021. Disponível em: https://ecodidatica.com.br/viajar-produz-aprendizados-multiplos/ Acesso em: dd. mm. aaaa.
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