Por Marta Melo
A percepção e a educação ambiental são importantes instrumentos que auxiliam as pessoas a obterem uma melhor compreensão do ambiente ao seu redor. Possibilita ainda aprendizado e cuidado com o lugar.
A aplicação da percepção ambiental é de fundamental importância para que possamos compreender melhor as interações que acontecem entre os indivíduos e o lugar, seus anseios, expectativas, insatisfações, julgamentos e condutas.
Para Tuan (2012), a percepção de um indivíduo em relação a um determinado local, principalmente o local onde vive, é condicionada por elementos do ambiente social e do ambiente físico, sendo também fortemente influenciada pelas experiências anteriores que cada indivíduo traz consigo. Dentre esses elementos, citam-se:
- O tempo em que se vive no lugar;
- A experiência individual no território comum;
- As relações socioeconômicas que ocorrem nesse lugar;
- As características das paisagens naturais ou/e construídas desse lugar;
- Sentimentos e valores atribuídos ao ambiente natural ou construído;
- Atuação dos sentidos (visão, olfato, audição, tato) na percepção do lugar;
- Sensação de pertencimento e o amor pelo lugar; e
- A relação entre paisagem, memória e cultura.
A Política Nacional de Educação Ambiental – Lei nº 9795/1999, declara que:
Art. 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
A percepção e a educação ambiental são importantes para a conservação, visto que:
- Despontam como instrumentos na defesa do meio ambiente e reconectam as pessoas à natureza;
- Incita uma maior responsabilidade dos indivíduos em relação ao ambiente;
- Incentiva a valorização do patrimônio natural e cultural; e
- Desperta o respeito a outras formas de vida.
Referente às atividades no turismo, a educação e percepção ambiental contribuem com melhores práticas no turismo por meio de estratégias e ações voltadas para o envolvimento das pessoas sobre o cuidado com a conservação do meio, além de favorecerem a transformação social, de forma a influenciar com efeitos positivos para a sensibilização e busca de soluções às diversas questões ambientais decorrentes das práticas turísticas.
Nessa perspectiva é posto em evidência o que foi mencionado por Tuan (2012), ao alegar que, quando uma sociedade alcança certo nível de desenvolvimento e complexidade, as pessoas começam a observar, apreciar e valorizar a relativa simplicidade da natureza.
Ao considerar que a atividade turística gera interações e influências recíprocas entre as pessoas e o meio ambiente, é possível reiterar que o papel do turismo se efetiva em ações sustentáveis que envolvem percepção e educação ambiental capazes de aproximar o ser humano com a sua natureza interna, a fim de que reencontre suas conexões com o meio ambiente do qual ele é parte.
Referência:
BRASIL. Lei 9.795 de 27 de abril de 1999. Institui a Política Nacional de Educação Ambiental. República Federativa do Brasil, Diário Oficial Imprensa Nacional. Brasília – DF, 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm
TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Trad. Lívia de Oliveira. São Paulo: Difel, 2012.
Como citar esta página:
SILVA-MELO, M. R. Ecodidática, Campo Grande, 05 de setembro de 2021. Disponível em: https://ecodidatica.com.br/o-papel-da-percepcao-e-educacao-ambiental-em-atividades-no-turismo. Acesso em: dd. mm. aaaa.
Imagem destacada: RPPN Vale do Bugio, Corguinho, MS (acervo Ecodidática)